Assassin's Creed Shadows chegou! Será que ele é bom?
- Griffith Souls
- 30 de mar.
- 9 min de leitura

Essa análise não possui spoilers.
Plataforma jogada: Playstation 5
O game foi jogado no idioma de falas em japonês com legendas em português, não tenho familiaridade com certos termos em português.
Escrito por: Griffith, fundador da DungeonBits

O que é Assassin's Creed: Shadows?
O jogo foi desenvolvido por diversos estúdios internos da Ubisoft e publicado pela própria empresa. Seus gêneros são ação, aventura e, claro, RPG. O game é crucial para a Ubisoft, e nele assumimos o papel de Yasuke, um ex-escravizado que acaba servindo a um dos senhores mais poderosos do Japão, e de Naoe, uma ninja extremamente habilidosa e sobrevivente do massacre do clã Iga, enquanto descobrimos a origem do credo dos assassinos no País do Sol Nascente.

A história
Temos dois personagens, como dito previamente. Vamos falar de Naoe. Ela é filha de um grande guerreiro do clã Iga e passou por um treinamento intenso desde a infância. Ela sabe pouco sobre sua mãe e deseja se tornar uma protetora de seu clã, até que Nobunaga Oda chega ao vilarejo com seu enorme exército e o destrói completamente.
É aí que chegamos a Yasuke. Ele é um homem negro que foi escravizado pelos portugueses. Ao chegar ao Japão, impressionou Nobunaga Oda, que logo se tornou seu senhor e, ao mesmo tempo, seu amigo. Yasuke acaba encontrando Naoe durante um ataque ao seu senhor e reconhece a lâmina dos assassinos no braço da garota, ele sabe exatamente o que isso significa. Após alguns acontecimentos que não revelarei para evitar spoilers, os dois se reúnem e trabalham juntos, mas por seus próprios motivos, proporcionando momentos incríveis durante o jogo.
Minha opinião sobre a história é que ela começa muito bem, com momentos incríveis e memoráveis. Se você conhece a história do Japão feudal do século XVI, não ficará surpreso com os eventos do jogo.

No entanto, quando um dos personagens principais morre, a história perde o rumo e se torna monótona. Os personagens restantes não têm carisma suficiente para serem considerados de destaque, na minha opinião. Para piorar, a narrativa é bastante fragmentada: em um momento, você está completamente imerso na história por tudo o que está acontecendo, mas, minutos depois, passa várias horas sem ter algo relevante para fazer. Além disso, o jogo frequentemente corta esses momentos para focar em flashbacks. Eu entendo que eles são necessários para a compreensão do personagem, mas a forma como são inseridos na trama não me agradou.
Sou alguém que ama a história dos samurais e conheço bastante sobre Nobunaga Oda, Shingen Takeda, Ieyasu Tokugawa, entre outros. Passei minha vida jogando Samurai Warriors e Nobunaga’s Ambition, franquias com décadas de história que recontam esses eventos sob vários pontos de vista. Por isso, já tinha uma boa ideia do que a Ubisoft faria com a história muito antes dos créditos subirem.
O que mais gostei foi a forma como Yasuke busca vingança contra aqueles de seu passado e como os Templários são retratados na trama. Esse é um dos pontos mais fortes e interessantes da história.

Algo que me incomoda é a forma como a história é estruturada. Vou dar um exemplo: no menu, temos aquelas rodas de objetivos que mostram os membros de uma facção—vamos citar os Templários. Para assassinar um deles, é preciso completar duas ou três missões antes de finalmente chegar até ele. Claro, essas missões são curtas e fazem sentido dentro do contexto do inimigo, mas, ao mesmo tempo, me passam a sensação de que quebram o ritmo e o fluxo da história.
É possível realizar várias missões no momento que quiser, o que é algo positivo, pois dá liberdade para explorar e progredir no seu próprio ritmo. No entanto, essa mesma liberdade pode tornar a experiência um pouco maçante e até confusa em certos momentos.

Diferenças no combate e Builds apelonas!
O jogo apresenta dois estilos de combate distintos. Yasuke não é um assassino, ele é um samurai, treinado para impor o Bushidō com força bruta. Ele utiliza katanas, lanças, arcos, um rifle japonês antigo e até um porrete intimidador para enfrentar seus inimigos. Embora não seja especialista em furtividade, ainda consegue eliminar alvos sem ser visto e alcançar locais elevados, mas com certa dificuldade e necessidade de apoio.
Já Naoe é mais leve, rápida e extremamente ágil. Ela usa uma katana, uma tantō (uma espécie de adaga), kunais e uma arma com corrente, que eu chamo de flail, mas o jogo se refere a ela como kusarigama. O foco da nossa shinobi está nos ataques furtivos e no uso das sombras a seu favor, literalmente. Além disso, é possível equipar duas armas ao mesmo tempo e alternar entre elas durante o combate.

Cada personagem possui sua própria árvore de habilidades, permitindo aprimorar dano, defesa e desbloquear novas técnicas capazes de eliminar inimigos com mais eficiência.
Atacar fortalezas e castelos durante a noite é mais fácil, pois os inimigos são bem mais inteligentes neste jogo. Em 2025, acredito que você já esteja familiarizado com o modelo RPG da franquia Assassin’s Creed. Este jogo não muda essa fórmula drasticamente, mas o combate está, de fato, mais fluido. Arrisco dizer que é o mais divertido e variado da série. A movimentação foi bem trabalhada e, surpreendentemente, encontrei menos bugs do que imaginava. Pelo visto, o último adiamento foi essencial para o desenvolvimento do jogo.

As builds que podemos criar são extremamente úteis. Eu joguei utilizando armas que permitem o uso de venenos e recompensam ataques contra inimigos envenenados, o que é uma estratégia bem apelativa, mas me diverti bastante.
O que mais amei foi invadir fortalezas e enfrentar os samurais Daishō, inimigos formidáveis que precisam ser derrotados para obter novas armas, armaduras e habilidades.

Ambientação de qualidade como de costume
A Ubisoft nunca desaponta quando o assunto é ambientação fiel e vibrante. O mundo do jogo é repleto de vida, com uma grande variedade de animais e um nível de detalhes impressionante. As paisagens são de tirar o fôlego, e há uma quantidade significativa de conteúdo secundário para explorar.
Podemos visitar templos e coletar pergaminhos com informações sobre os locais, treinar com mentores que ensinam a arte da espada quando jogamos com Yasuke, explorar cavernas em busca de itens lendários e participar das clássicas atividades da Ubisoft, como escalar locais únicos para sincronizar com o cenário e liberar informações no mapa. Além disso, podemos resgatar NPCs em apuros, que, em troca, revelam segredos escondidos na região, e até desenhar animais próximos de nós.

O jogo possui um sistema dinâmico de estações, com mudanças no ambiente e até animais específicos que aparecem apenas em determinadas épocas do ano, como inverno ou verão. Os detalhes são surreais, até o fogo se movimenta de acordo com o vento ao seu redor.
Por fim, o mundo do jogo é bem extenso. Não é tão massivo quanto Odyssey ou Valhalla, mas é grande o suficiente para oferecer uma grande diversidade de locais para explorar e se encantar com seus segredos.

Bugs? É a Ubisoft né...
Assassin's Creed Shadows tem muitos bugs, mas acredite: é o lançamento mais polido da Ubisoft até agora. Tive alguns problemas irritantes, como cair abaixo do cenário, ficar preso no meio de árvores, personagens que paravam de lutar e ficavam imóveis na minha frente, além de momentos em que o personagem não respondia corretamente aos comandos, o que me prejudicou em algumas situações. Ainda assim, posso dizer que este foi o jogo da Ubisoft em que encontrei menos bugs e em que menos me frustrei por causa disso.

Modo Imersivo é outro nível
Acho que este ponto é bem pessoal, mas vale a pena mencionar. Muitos amigos concordaram comigo que o modo imersivo, onde os personagens falam japonês, português e variam o idioma conforme a necessidade da cena, é o mais envolvente e bem-feito do jogo.
O áudio em português e também em inglês, por outro lado, soou um pouco estranho para mim. No caso do inglês, a entonação dos personagens parece um tanto forçada. Já no português, os nomes e o texto falado pelos dubladores me pareceram estranhos, mas, claro, isso é apenas uma opinião pessoal e não uma crítica objetiva. No entanto, quando mudei para o japonês, a experiência se tornou muito mais interessante.
Aproveitando, vale destacar que a trilha sonora é muito bem feita. Gostei bastante das músicas do jogo, e os efeitos sonoros são bem imersivos. Em determinado momento, há até uma cena de ação no estilo "Marvel", mas muito divertida, acompanhada por uma trilha de rock bem empolgante, particularmente, eu curti bastante.

Opiniões
Assassin's Creed Shadows é um game muito bom, mas apresenta os problemas recorrentes nos últimos jogos da Ubisoft, como de costume: problemas no ritmo (pacing) da história, histórias secundárias excessivamente básicas, alguns inimigos e até mesmo chefes bem desinteressantes. Para mim, algo que considero bastante pessoal é o design dos personagens. A equipe tomou muitas liberdades com os fatores históricos, e acredito que poderiam ter deixado os personagens com uma aparência mais imponente. Por exemplo, quando o lendário Nobunaga Oda aparece no jogo, só consegui reconhecê-lo pelo símbolo em sua armadura; caso contrário, eu nem saberia quem ele era. Apesar de os gráficos serem excelentes, a aparência dos personagens, com exceção de Yasuke e Naoe, é bem simplista, e todos parecem NPCs. De fato, eles são NPCs, mas até mesmo na aparência isso é uma 'sacanagem'."

Uma coisa que me chamou a atenção foi o fato de termos vários personagens históricos que poderiam ser usados como base para a história do game, em vez de Yasuke. Poderíamos, por exemplo, usar Hanzo Hattori, um dos maiores nomes daquela era, que neste game tem um papel importante, mas eu gostaria de poder jogar com ele; Fuma Kotaro, líder do clã Fuma e, posteriormente, parte do clã Hojo; ou até mesmo Musashi Miyamoto, que já estava vivo e 'operante' um pouco depois dos eventos retratados no jogo. Não vejo problema em jogar com Yasuke; afinal, os melhores momentos para mim foram aqueles em que pude servir Nobunaga Oda e causar o caos no game.
Algo que também me chamou a atenção foi o que a Ubisoft faz de melhor: a ambientação. Como mencionei anteriormente, ela é bem interativa, cheia de vida, e talvez seja um dos mundos mais fascinantes que a Ubisoft já criou.

Os relacionamentos no game são bem legais. Na minha jogatina, eu só tive um, que foi com a Naoe. Dei em cima de um rapaz bagunceiro e bem sem-vergonha, mas foi divertido.
Não temos cenas explícitas, mas há momentos engraçados durante as missões de nossos companheiros. Se eles entrarem para o nosso grupo, podemos usar suas habilidades durante o combate também.
Normalmente sempre falo sobre as polêmicas de alguns games antes do lançamento, no caso da Ubisoft foram muitas bolas fora com o Japão, e isso acarretou em vendas ruins no quesito mídia física no país asiático, mas não vou me estender nisso até porque de negatividade a internet já está farta.

Ainda temos o marketing impressionante da Ubisoft Brasil, em parceria com a Ubisoft Japão, que criou um dos vídeos promocionais mais incríveis que já tive o prazer de assistir para o game. Nele, temos JogaZulu como Yasuke e Thais Matsufugi como Naoe, já a música foi produzida pelo lendário Edu Falaschi. É uma abertura no estilo Tokusatsu, que traz nostalgia e, ao mesmo tempo, presta homenagem à cultura japonesa, a qual fez e ainda faz parte da infância de milhões de brasileiros.
O vídeo fez tanto sucesso que rodou o mundo, ganhou uma versão em japonês e, claro, também foi alvo de críticas e preconceito por parte de uma minoria de pessoas que escondem seu preconceito e falta de caráter atrás de piadas idiotas sobre a aparência de Thais Matsufugi. Segundo o próprio marido dela, David Jones, Thais nem sequer deu atenção a esses comentários patéticos e preferiu focar em coisas importantes de sua vida.
Confira o vídeo abaixo, que considero uma das ações de marketing mais incríveis que já vi.
Nosso veredito:

Recomendado para quem gosta do Japão Feudal, muita porradaria, e claro, o estilo padrão da "Ubisoft RPG" em criar cenários enormes com o seu mapa cheio de ícones, com histórias que são legais mas bem arrastadas em certos momentos. E claro, um combate bem legal e dinâmico, mas que pode afastar fãs antigos da franquia que preferem o velho estilo da Ubi.

Conclusão:
-A história é excelente no início, mas perde o rumo no final (referindo-se ao culto dos inimigos principais da franquia
-Ambientação fantástica
-O modo imersão salva os diálogos e torna o game mais interessante
-Personagens icônicos da história do Japão estão presentes no game
-Trilha sonora muito bem feita
-R$ 350,00? Poucas coisas são dignas de custar esse preço, e Assassin's Creed Shadows certamente não é uma delas. Se puder, assine o serviço da Ubisoft e jogue por lá
-Yasuke é um enorme destaque no game. Foi uma decisão corajosa da Ubisoft colocá-lo como protagonista, e ele acabou sendo meu personagem favorito
-Pode ser o melhor combate dos games "RPG" da franquia
-O combate stealth do game é incrível
-A diferença de estilos entre Yasuke e Naoe é gritante, e isso é muito bom
-No jogo, temos a famosa "rodinha" de alvos que precisamos assassinar. Porém, o último alvo de uma delas é o caso mais frustrante e decepcionante que já testemunhei em um game. Não querendo dar spoiler, mas é algo do tipo: "Por favor, assassino, não bata. Te dou tudo o que você quiser, me deixa ir embora"
-Não tive problemas para rodar o game, joguei no PS5 base.
Kommentare